domingo, 11 de maio de 2008

RESULTADO DO CONCURSO ORGANIZADO PELO POETA BAIANO VALDECK DE ALMEIDA JESUS - PREMIAÇÃO: PUBLICAÇÃO EM 2009

A comissão organizadora concluiu o trabalho de classificação dos poemas inscritos ao Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus e torna público o seu resultado, por ordem de classificação, do 1° ao 10° colocado.
Os demais poemas que não aparecem na lista tiveram notas entre 7 e 7,5.

Poemas classificados:


Paradoxos(1° lugar)
(Jonathan Pena Castro)

Enquanto eu como, pessoas morrem de fome;
Enquanto eu durmo, pessoas acordam;
Enquanto eu ligo, pessoas desligam;
Enquanto eu crio, pessoas destroem;
Enquanto eu choro, pessoas sorriem;
Enquanto eu escrevo, pessoas apagam.
O mundo continuará sendo um paradoxo
Enquanto o enquanto existir.


Jonathan Pena Castro nasceu nos Estados Unidos, em Glendale, Califórnia. Veio com um ano para o Brasil. É filho de pai salvadorenho e mãe brasileira. Cursa Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Ponta Grossa. Adora a natureza. Escreve, principalmente, contos e crônicas, mas também se aventura pela poesia. Com pouco tempo de publicações, já recebeu várias premiações, o que o estimula a escrever ainda mais.


Palavras (2° lugar)
(Albérico Manoel dos Santos)

Palavras são letras que resistem ao tempo,
Expressões que incidem sobre nós;
Palavras são dizeres ao vento,
Que entoam seu sentido
Palavras são desenhos da grafia,
Articulados entre si,
Que ganham vida,
Movimento e beleza;
Palavras,
Sejam rebuscadas,
Simples,
Ou ousadas,
Para sempre serão palavras;
Às vezes, infundadas,
Às vezes, contidas,
Às vezes, declaradas;
Viver sem elas,
Não poderia viver;
Elas são o elo,
Entre a vida e a morte;
Entre amar e sofrer;
Elas falam por mim,
E por todo meu ser!!!

Albérico Manoel dos Santos nasceu no bairro de Castelo Branco em Salvador/BA, no dia 4 de setembro de 1977. Desde os 15 anos escrevia poemas, embora não levasse muito a sério este dom. Muita coisa perdeu-se no tempo, mas, com o amadurecimento de seus escritos, o poeta empenhou-se em organizá-los. Em 2005, ingressou na Faculdade da Cidade do Salvador, onde cursa Jornalismo. Seu trabalho aborda a poesia como a mais pura manifestação da alma, que traduz em palavras toda sensibilidade e vivência.


Apenas uma carne( 3° lugar)
(Ana Queiroz)

O ser humano é apenas uma carne.
Uma carne que se come, que se deita,
que se estupra...
Uma carne que se estraga.
Uma carne bonita!
Com carne humana bonita ganha-se até concursos:
"Miss Carne Brasil".
Carne por vezes maldita, quando oprime o talento,
Vestindo-o apenas com uma carne bonita,
Cobiçada pelos milionários senhores,
Que buscam a vida em seu jovem frescor.
Carne sem rugas, sem celulites, sem retoques...
Carne de primeira,
De primeira necessidade do homem.

Ana Queiroz nasceu em Niterói/RJ. Cursou apenas o ensino fundamental. Seu objetivo é divulgar as inúmeras poesias que escreve desde criança.


Quando morrer(4° lugar)
(António Félix Flores Rodrigues)

Quando morrer,
Deixarei meus átomos livres
Para que possam formar:
Campos e flores,
Pássaros e chuva,
Almas e esperança.

Nasci de uma ligação:
Iniciada na fusão das estrelas
E percebida nos aromas de verão
exalados pelo sol.
Por isso, sou contra a fissão,
Antítese da criação.

Sou contra o nuclear,
Sonho com a química da vida,
Perpetuada através dos átomos
Que recebi e aprisionei,
E que na morte,
Libertarei,
Intactos,
Como os encontrei.

António Félix Flores Rodrigues nasceu em 1962. Formou-se em Física pela Universidade de Lisboa e leciona na Universidade dos Açores – Portugal, onde é responsável pelo Curso de Engenharia do Ambiente. Preocupado com as questões ambientais e com a necessidade de transmitir, sem "evangelizar", mensagens ambientais, escreve poesia como estratégia de promoção da urgente sustentabilidade sócio-econômica e ambiental.


Apologia de um sentimento(5° lugar)
(Frodo Oliveira)

Eu não faço apologia do que sinto,
Apenas escrevo, em linhas tortas o que penso.
Este sentimento não divido com ninguém:
duvido de todos e de mim mesmo,
e se te disser que eu não ligo,
minto; mas, parece, não minto muito bem.

Também sei que o ódio pereceu ontem à tarde,
mas ainda quero esquecer-te pela manhã.
Sai de mim, sai da minha vida,
sai da minha alma e da minha bebida,
nunca mais quero provar do teu afã.

E que me perdoem os moderninhos e modernistas,
mas adoro essas rimas imprevistas,
indecisas, intensas,
imprecisas, imensas,
de sons indeléveis e inefáveis,
rimas cruas, palavras nuas
a estilhaçar meus sentimentos frágeis.

Não, eu não faço apologia do que sinto,
apenas deste sentimento que invento:
é assim que largo o tosco verbo amar ao vento,
é assim, então, que em vão tento esquecer-te...

Frodovino Lemos de Oliveira nasceu em Recife/PE e foi criado em Maceió/AL. Reside há mais de 20 anos no Rio de Janeiro. Frodo, como é normalmente chamado, é comerciário e estudante de Letras na Universidade Estácio de Sá. Escritor amador, transita bem à vontade tanto no âmbito da poesia quanto no âmbito de contos e crônicas.


Transitória transitoriedade(6° lugar)
(Josete Maria Vichineski)

Transita a infância.
Transita a juventude.
Transitam os amores.
Transitam as dores.
Transitam os corruptores.
Transitam os educadores.
Transita a fome.
Transita a miséria.
Transita o meu, o teu, o nosso nome.
Transita a política séria.
Transita a riqueza.
Transita a certeza:
A VIDA É TRANSITÓRIA!

Josete Maria Vichineski é formada em Ciências Econômicas e Letras, com especialização em Língua Portuguesa, pela UEPG, e especialização em Educação de Jovens e Adultos, pela UFPR. Publicou as obras poéticas Vôo Livre, dedicada ao público infanto-juvenil, e Plenitude da Vida. Participou de vinte e três antologias no Brasil, Portugal e Estados Unidos. Todas as antologias tiveram como ponto de encontro a Internet, num exercício de cibercultura.


Na capital(7° lugar)
(Edeilton dos Santos)

Mãe, estou na capital
Um pé aqui, outro lá
Minha vontade
É só voltar

Mãe, a vida aqui
Não é brincadeira
Não tenho eira nem beira
Não vejo onde me segurar

Aqui na cidade grande,
Vivo acabrunhado
Na multidão, sinto-me isolado,
Ninguém olha pra mim.

Mas um grande amor encontrado
Ajuda-me a controlar
Essa vontade de voltar,
E vai prendendo-me por aqui

Essa vida que a gente vive
Não está pra brincadeira,
Não tenho eira nem beira
Mas por amor vou ficando aqui.


Edeilton dos Santos, conhecido por Dé Barrense, cantor e compositor, nasceu na cidade da Barra/BA, às margens do rio São Francisco. Aos 14 anos, foi para São Paulo tentar a vida. Trabalhou inicialmente em fábricas, e depois numa emissora de televisão, como ajudante de câmera e cenografia. Publicou o livro Inspirações de um Ribeirinho (poemas). Tem seu nome listado no Primeiro Dicionário de Autores Baianos.


Eterna presença(8° lugar)
(Laérson Quaresma de Moraes)

Bom dia, tristeza...
O mundo-competição digladia-se lá fora.
E o mistério, que habita em minha alma de poeta,
impede que eu contemple a nova aurora...

Boa tarde, melancolia...
A dor da perda fere mais que lança
em dimensões que a razão não alcança.
E tudo, enfim, implora por solução...

Boa noite, saudade...
Mais um dia cumpriu o seu destino.
Os viajores retornam céleres aos seus lares,
plenos de sonhos, cansaços e desatinos...

A vida segue os próprios ciclos
na Terra devastada, sem dó nem piedade.
Pesaroso, circunspeto de verdade,
sangro como parte da engrenagem letal...

Infância, juventude e maturidade.
O milagre da paz vem no crepúsculo da vida.
Minh'alma liberta é só clamor então...
" – Seja bem-vinda sempre, ó SOLIDÃO!"

Laérson Quaresma de Moraes é natural de Nioaque/MS e reside em Campinas/SP desde agosto/1964. É técnico em contabilidade aposentado. Poeta, contista, cronista, trovador, enfim, um apaixonado pelas letras. Participou de várias coletâneas/antologias e foi premiado em inúmeros concursos literários nacionais. Ainda não tem livro publicado.


Os versos do poeta(9° lugar)
(Lourdes Neves Cúrcio)

Os versos do poeta dizem tudo
Definem os sentimentos mais ocultos
Extravasam a alegria reprimida
São capazes de enxergar além dos vultos
Exprimindo a emoção no âmago escondida

Seus versos vão com o vento além dos mares
Voando livremente a céu aberto
Sem destino, pois o mundo é do poeta
Cuja alma conhece o amor bem de perto
E o expressa de forma sábia e modesta

Seus versos são sutis e harmoniosos
Revelam o que existe bem no íntimo
Aflorando sentimentos tão profundos
O poeta retrata o anseio mais ínfimo
Pois com os olhos de sua alma vê o mundo

O poeta percorre o mundo em viagem
De carona nas asas do pensamento
Contemplando a natureza que o inspira
E ao compor seus lindos versos ao relento
Bem baixinho com a lua ele conspira.

Lourdes Neves Cúrcio é bacharel em Direito e funcionária pública em Volta Redonda/RJ. Foi premiada em diversos concursos literários, entre eles: Prêmio Assis Chateaubriand de Redação (Brasília/DF), XII Concurso Internacional Literário de Primavera (São Paulo-SP), V Concurso de Poesia Padre Donato Vaglio (Bragança Paulista/SP), II Prêmio Literário A Gazeta (Campo Bom/RS) e Oitavo Prêmio Missões (Roque Gonzales/RS).


Reciprocidade(10° lugar)
(Fátima Soares Rodrigues)

Sempre sonhei sonhos pequenos:
Casinha branca ao pé da serra
Em meio ao mato molhado
Povoada do canto dos pássaros
Ciscando grãos de alegria
Com as galinhas no quintal
Banhando-me todo dia
Em cachoeiras de esperanças
A sorver cada alvorecer
Com olhos de gratidão.
Porém, sem grandes ambições,
Percebo que dependo do outro
Para encontrar a felicidade.
Do contrário,
Sou como um som sem eco:
Seco, surdo, sonso.


Fátima Soares Rodrigues possui curso incompleto de Letras na UFMG. Conquistou diversos prêmios literários em verso e prosa, no Brasil e no exterior. É colaboradora do jornal Estado de Minas.


Valdeck Almeida de Jesus

Um comentário:

Ivan Neder disse...

Parabéns aos participantes, poesias mais poesias...

Ivan Neder