quinta-feira, 22 de maio de 2008

AMÉRICO PITA, POETA, PESQUISADOR DOS POETAS REPENTISTAS, VICE-PRESIDENTE DA SPVA/RN

PARA MEUS AMADOS POETAS PLUGADOS NA POESIA

PARA NEUBIA E NEUMAN QUEIRÓS
MINHA CUMADE KIRIDA
Qui bom qui vc. alembrou-se deu. Seu bilete eletro foi bom. Muito ispirado.

ESTOU LHES FALANDO EM ESTILO PURAMENTE MATUTEZ DEVIDO ESTA POESIA QUE ESTOU LHES ENVIANDO. TORNO A LEMBRÁ-LOS DO SARAU DO CRO, PROXIMA QUARTA, DAS 18 AS 21 HORAS. ESPERO SUAS PRESENÇAS. PARA DECLAMAREM POESIA OU CRONICA E ASSISTIREM MEU QUADRO "GENIOS DAS CANTORIAS". UM BEIJO NO CORAÇÃO DE VOCÊS. DO PRIMO, COMPADRE E AMIGO E CONFRADE AMERICO PITA.

CHICO PEDROSA - O GENIO DA DECLAMAÇÃO MATUTA


Nascido em Guarabira, na Paraíba e radicado em Arcoverde, Sertão de Pernambuco, Chico Pedrosa é um dos mais festejados poetas declamadores nordestinos. A sua obra é marcada pelo traço comum das histórias do povo e pela criatividade particular de um dos gênios da poesia matuta, lembrado sempre nos desafios de cantadores.



'Briga na Procissão'




Quando Palmeira das Antas

pertencia ao Capitão

Bento Justino da Cruz

Nunca faltou diversão:

Vaquejada, cantoria,

procissão e romaria

sexta-feira da paixão



Na quinta-feira maior,

Dona Maria das Dores

No salão paroquial

reunia os moradores

E ao lado do Capitão

fazia a seleção

de atrizes e atores



O papel de cada um

o Capitão escolhia

A roupa e a maquilagem

eram com Dona Maria

O resto era discutido,

aprovado e resolvido

na sala da sacristia.



Todo ano era um Jesus,

um Caifaz e um Pilatos

Só não faltavam era a cruz,

o verdugo e os maus-tratos.

O Cristo daquele ano

foi o Quincas Beija-Flor

Caifaz foi Cipriano,

Pilatos foi Nicanor.



Duas cordas paralelas

separavam a multidão

Pra que pudesse entre elas

caminhar a procissão



Cristo conduzindo a cruz

foi não foi advertia

Pro centurião perverso

que com força lhe batia

Era pra bater maneiro

mas ele não entendia

Devido a um grande pifão

que bebeu naquele dia

Do vinho que o capelão

guardava na sacristia.



Cristo dizia: - ôh, rapaz,

vê se bate devagar

Já estou todo encalombado,

assim não vou agüentar

Tá com a gota pra doer,

Ou tu pára de bater

ou a gente vai brigar.



O pior é que o malvado

fingia que não ouvia

E além de bater com força

ainda se divertia.

Espiava pra Jesus

fazia pouco e dizia:

- Que Cristo frouxo é você,

que chora na procissão

Jesus pelo que eu saiba

não era mole assim não.



- Eu tô batendo com pena,

Tu vai ver o que é bom

Na subida da ladeira

da venda de Fenelon

Daqui até o mercado

O couro vai ser dobrado

a cuíca muda o som.



Naquele momento ouviu-se

um grito na multidão

Era Quincas que com raiva

sacudia a cruz no chão

E partia feito um maluco

pra cima de Bastião

Se travaram no tabefe,

ponta-pé e cabeçada

Madalena levou queda,

Pilatos levou porrada

Deram um bofete em Caifaz

Que até hoje não faz

nem sente gosto de nada.



Desmancharam a procissão,

o cacete foi pesado

São Tomé levou um tranco

que ficou desacordado

Deram um cocorote

na careca de Timóti

que até hoje é aluado

Até mesmo São José,

que não é de confusão

Na ânsia de defender

Seu filho de criação

Aproveitou a garapa

pra dar um monte de tapa

na cara do bom ladrão.



A briga só terminou

quando o Doutor Delegado,

Interviu e separou:

cada Santo pro seu lado



E desde que o mundo se fez,

Foi essa a primeira vez

Que Cristo foi pro xadrez,

Mas não foi crucificado.

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