quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Abstinencia Poética - Jania Souza

a noite engole o sono
o sono engana o espírito
a vida esvai-se no sangue dos minutos.

pinga o canto monótono da torneira
esgano a muriçoca num aperto fúnebre
meus dedos choram no teclado uma música triste

meus sonhos derramam-se sobre a neblina de um tempo perdido

retrocesso (...)

não há mais a perfidia dos dias
na cláusula do cubílico
o miado é o gemido insano de um gato
que se finge de homem

na argamassa do passado
há um véu de pano de fundo
na tv do futuro
só há o ranço do aborto do desgosto escuso, incompreendido
na parede do vento que obrou um falso edifício
bum!

a noite perde-se na quimera que pode ser o sonho