a noite engole o sono
o sono engana o espírito
a vida esvai-se no sangue dos minutos.
pinga o canto monótono da torneira
esgano a muriçoca num aperto fúnebre
meus dedos choram no teclado uma música triste
meus sonhos derramam-se sobre a neblina de um tempo perdido
retrocesso (...)
não há mais a perfidia dos dias
na cláusula do cubílico
o miado é o gemido insano de um gato
que se finge de homem
na argamassa do passado
há um véu de pano de fundo
na tv do futuro
só há o ranço do aborto do desgosto escuso, incompreendido
na parede do vento que obrou um falso edifício
bum!
a noite perde-se na quimera que pode ser o sonho