domingo, 18 de maio de 2008

POESIA E PROSA - JOÃO DE ABREU BORGES

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P o e s i a - João de Abreu Borges


Lótus

A lama é fértil

A alma é festa

A língua é farta

A água é funda


O lago é calmo
O ego é Salmo
A luz, yoga
A paz,
palmo a palmo,
é nossa entrega.


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P r o s a
João de Abreu Borges


Únicos e múltiplos


São preciosos os pequenos espaços, os pobres momentos, os insuficientes olhares, os desesperados passos... Tudo isso é precioso, porque traz em sua própria natureza os seus opostos e a oportunidade única de reconhecê-los um pelo outro, e não apenas como uma vivência unilateral.

Únicos, sim, nós somos enquanto indivíduos isoladamente circulando pelo Universo. Únicos, porque somos ímpares pelas mãos da Eternidade, e só essa unicidade nos dá apenas o direito de respirar, de inspirar e transpirar.

Surge em nós a vontade de ser o outro, porque vivenciamos diversas metamorfoses durante a nossa existência eterna, inclusive esta aqui no planeta Terra. A partir dessa necessidade, ser o outro significa confirmarmo-nos enquanto ser vivo ou estar vivo.

Ser Um e, ao mesmo tempo, Outro, é ser único como uma folha é para a importância de toda a árvore; como um grão de areia para todo o Universo, por extensão. Somos múltiplos naqueles ou em tudo aquilo que nos rodeia, por dentro e por fora.

O fio invisível que entra e sai pela nossa respiração é como a flauta dos aborígenes da Austrália, umbigo musical entre o homem e o Universo.

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