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segunda-feira, 21 de julho de 2008
TEXTO DA SEGUNDA - CEFAS CARVALHO (21/07/2008)
Cara(o) amiga(o),
Smail.comegue mais um Texto da Segunda para ssua caixa de mensagens, o velho apanho de textos, contos, poesias etc que reúno e lhe repasso toda manhã de segunda. Hoje, tomo a liberdade de repassar o seguinte:
1 - Tradução livre-poética de uma canção da banda The Smiths, "Reel around the foutain", escrita por Morrissey, que na minha opinião é uma das mais belas letras da história do pop-rock. Poesia pura.
E para ler um conto novo, "O amor é um pássaro rebelde", basta entrar no blog www.cefascarvalho.blogspot.com
2 - A bela poesia "O retalho", do poeta e professor mossoroense Aluisio Barros.
3 - A letra de "Natal Canibal", do escritor Graco Medeiros e do jornalista Moisés de Lima, a canção que ganh ou na interpretação da banda Os Grogs, o último MPBeco.
4 - O conto "O jantar", da escritora, atriz e dramaturga Cláudia Magalhães www.teatroclaudiamagalhaes.blogspot.com
É isso. Boa leitura e fique em contato.
Uma ciranda em volta da fonte
Letra: Morrissey
Tradução livre: Cefas Carvalho
(Obs: Abaixo da tradução, segue a letra de "Reel Around the fountain", canção de Morrissey/Marr, da banda inglesa The Smiths, gravada para o álbum "The Smiths"/1984)
Chegou a hora da revelação
De como envelheceste uma criança
Tomando-a pela mão...
Uma ciranda em volta da fonte
Recebo teu tapa em meu rosto
E o aceito, neste instante!
Quinze minutos ao teu lado
Sabes q ue eu jamais diria "não"
Todos diziam que estavas virtualmente morto
E como estavam todos errados...
Quinze minutos ao teu lado
Sabes que eu jamais diria "não"
Todos diziam que eras maria-vai-com-as-outras
E não estava de todo errados...
Chegou a hora da revelação
De como envelheceste uma criança
Tomando-a pela mão...
Quinze minutos ao seu lado
Sabes que eu jamais diria "não"
Ninguém reconhece teu valor
Apenas eu, meu amor!
Sonhei contigo noite passada
E por duas vezes caí da cama gelada
Portanto, faça de mim uma borboleta
Em sua coleção
Mas, "leve-me para o abrigo de tua cama"
Nunca disseste a quem tanto te chama
Duas colheres de açúcar, por favor
Podes até bancar a mais fina flor
Pois também eu, o farei...
Um encontro lá na fonte
Um empurrão be m no meio do pátio
Algo que aceitarei com lentidão...
Quinze minutos ao seu lado
Sabes que eu jamais diria "não"
Ninguém reconhece teu valor
Apenas eu, meu amor!
Reel around the fountain
It's time the tale were told
of how you took a child
and you made him old
It's time the tale were told
of how you took a child
and you made him old
Reel around the fountain
Slap me on the patio,
I'll take it now...
Fifteen minutes with you
well, I wouldn't say "no"
Oh, people said that you were virtually dead
and they were so wrong
Fifteen minutes with you - Oh, I wouldn't say "no"
Oh, people s aid that you were easily led
and they were half-right
Fifteen minutes with you - Oh, I wouldn't say "no"
Oh, people see no worth in you, but I do
I dreamt about you last night
and I fell out of bed twice
You can pin and mount me like a butterfly
But "take me to the haven of your bed"
was something that you never said
Two lumps, please
You're the bee's knees
but so am I
Oh, meet me at the fountain
Shove me on the patio,
I'll take it slowly...
Fifteen minutes with you - Oh, I wouldn't say "no"
Oh, people see no worth in you, but I do
O Retalho...
Aluisio Barros
1.
Licença, meu Anjo...
Atordoada, a n oite ensaia gritos,
que me cortam a vontade de comer,
beber ou sonhar...
Ajudai-me, Arcanjos,
neste alento
que o vento espalhará por mim
até que o sono se restabeleça
e tudo volte a ser como jamais.
- Barco perdido, bens carregado!
2.
Chuva fininha,
desenhos que escorregam na vidraça.
- De quem é este rosto
que me penetra
e vasculha-me
à procura do que penso perdido?
3.
Agora tudo jaz no esquecimento.
O criado-mudo,
amontoado de lembranças,
inutilmente espera
pelo chamado que atordoava
as madrugadas insones.
Os meus dedos não me tocam
pela ausência
que se inaugura mal rompe a manhã.
4.
O seu rosto na tevê:
uma, duas... O bloco inteiro.
(Já vi esta história antes!)
Reconto as luas
e estarrecido percebo
o bolo envelhecido
que teimosamente espera.
5.
Por que os meus olhos
não cruzam mais com os teus?
- Deixei de caminhar pelas
ruelas que conduzem ao inferno.
Natal Canibal
(Moisés de Lima / Graco Medeiros)
A índia que dançava nua,
chamando o colonizador,
passou turista bem passado,
depois Cascudo divagou.
A turma vinda de além-mar,
em Touros quando lá chegou,
mandou fazer hotel, pousada,
lavar dinheiro em bangal??...
No tempo da segunda guerra,
toda Parnamirim queimou,
surgiu assim a base aérea,
foguete Natal já lançou.
A ponte do Forte-Redinha
erguida sobre o Potengi,
namora as duas metades,
as duas filhas de Poti.
A caravela abriu as velas,
um gringo carregou meu bem,
danei-me para Ponta Negra,
peguei a mulher dele também.
Por isso que eu toco rock,
por isso que eu canto blues,
sou do Rio Grande do Norte,
Miami já não me seduz.
O jantar
Cláudia Magalhães
Minha pequena lua, ele dirá sussurrando ao meu ouvido, sob o som sensual de Guess who, de B.B. King. Alguém, realmente, te ama... Quem será?, perguntarei e ele me responderá com um sorriso tão doce e tão suave quanto o vinho... Interrompendo e excitando o tempo, tão veloz quando encontra a paz, jantaremos a luz de velas... Com a confiança de um amor invisível aos olhos da morte, faremos amor com o céu ao alcance das mãos e comeremos estrelas...
Pensava em como seria maravilhosa aquela noite, enquanto cami nhava ansiosa para casa. Comemoraríamos seis anos de casados. Como eu o amo, pensei apertando a aliança entre os dedos. Senti uma forte pontada no peito ao lembrar das ofensas trocadas na noite anterior. Foram juras de ódio eterno em meio a garrafas vazias, copos quebrados e dor, muita dor... Juro pela minha alma que a partir desta noite a minha boca me será fiel. Essa noite, com um delicioso jantar, arroz com frutos do mar, que ele adora, vou agradecê-lo pela dedicação, amor e carinho de todos os dias... Sempre que brigamos, eu faço um jantar especial e rapidamente fazemos as pazes... Sempre foi assim... Trocaremos inúmeras declarações de amor e caminharemos juntos, sem competição, na mesma velocidade, como quem segue a própria imagem num espelho..., pensava enquanto abria a porta do apartamento. Um vento forte e frio interrompeu os meus sonhos. Um cheiro insuportável, de algo ameaçador, me causou um forte calafrio na espinha. Corri a passo s largos em direção ao nosso quarto. Abri o guarda-roupa do lado direito. Vazio. O meu corpo foi tomado por uma paralisia horrível. Imóvel, senti o meu coração agitar-se, violento, imenso em meu peito...
Desde esse dia, existe uma eternidade entre os segundos. O tempo é muito lento ao lado do tormento. Sou mais uma vítima que o monstro do amor devorou. Não encontro saída. O meu sangue virou um mar de lágrimas. A minha alma, flutuando sobre ele, ferida, grita a todo instante: Mate-o! Mate esse maldito amor! Sinto uma vontade selvagem de matá-lo, mas quanto maior é a minha vontade, maior é a saudade que sinto do que se foi e do que não vivi...
O que me resta dizer? O meu amor me fez comer estrelas. Hoje, tenho verrugas no coração.
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