segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

PESADELO PESADELO

Pesadelo Pesadelo


Jania Souza


Avizinha-se solene em seu explosivo

Laranja-vermelho

Pranteada por cinzas negras

A morte, disfarçada de lamparina ferrugem

Lúgubre assombro

Por trás da rede do sertanejo 

Guerreiro em sua luta de cada dia

Na caatinga seca, pétrea, em agonia.

Resiste mesmo assim

Esquecido dos campos de neve, que nem conhece

Nem sabe que existem

Mas que se aquecem com a fúria 

Não dos tímidos raios de sol que vêm

Tecidos nas flores da Primavera

E no silvo do vento (en)cantos ancestrais 

Mas que se antecipam na queimada

Esfomeada das bombas

Rasgando das terras ucranianas o ventre

O limbo da esperança, que jamais

Fenecerá mesmo embaixo do rude couro

Do coturno pisoteando sua dignidade. 


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