domingo, 2 de novembro de 2008

Algumas dicas para quem quer escrever livros - Rodrigo Capella*. - CONTRIBUIÇÃO SOROCABA NEWS

Algumas dicas para quem quer escrever livros - Rodrigo Capella*. Especial para o Diário de Cuiabá. Nesse domingo, vou responder mais algumas dúvidas dos leitores e oferecer outros elementos fundamentais para quem quer ser um bom escritor. Pegue um lápis e um bloco de anotações e vamos em frente. Preste atenção em todas as respostas, pois elas se complementam a todo instante, parágrafo a parágrafo. Johny Alves me enviou a seguinte mensagem: "Li o último artigo do senhor e esclareci muitas dúvidas, porém continuo com uma: antes de apresentar um livro a uma editora, o autor tem que fazer alguma coisa para não plagiarem a obra dele, tal como os cientistas fazem, para não roubarem as idéias? Muito obrigado por seus conselhos aos futuros escritores. Abraços, Johny".

Amigo Johny, muito interessante e pertinente essa sua pergunta. Já participei de vários debates com editores e eles sempre defendem que o autor não precisa registrar o livro, pois as editoras fazem isso antes de publicá-lo. Eu discordo dos editores e aconselho os jovens autores a entrarem em contato com a Biblioteca Nacional pelo site www.bn.com.br. Lá tem todas as informações.

Mas, um alerta se faz preciso: esse registro não garante que, por exemplo, a idéia de sua obra não vai ser copiada. Até porque o registro não protege a idéia, mas sim o conteúdo da obra. Resumindo: é uma pequena garantia que você tem, mas é melhor do que nada. Se a editora gostou de uma obra de um autor desconhecido, ela pode, por exemplo, pegar a idéia central e encomendar uma obra semelhante a um autor famoso. Nesse caso, ela simplesmente ignora o livro do autor desconhecido. Esse tipo de postura ocorre com certa frequência. Portanto, capriche na apresentação dos originais, revise seu texto, reescreva-o e faça as correções necessárias.

Rafael Coelho apresentou-me, via e-mail, uma idéia de livro e fez algumas perguntas. Acompanhe uma parte da mensagem: "Fala Rodrigo! Sou jovem, tenho apenas 22 anos e no ano passado comecei a escrever um livro chamado "Outras histórias do 174", que retrata a vida de pessoas que andavam diariamente no ônibus 174, aquele da tragédia na cidade do Rio de Janeiro. A idéia é olhar dentro de universo (o ônibus) e coletar boas histórias, fatos da vida de tantas pessoas que andavam na linha 174. "Outras Histórias do 174" quer ir por outro caminho, mostrando que tudo na vida tem seus dois lados, mas que na maioria das vezes valorizamos a parte ruim. Então... Eu arquivei o projeto. Devido a 1001 coisas que venho fazendo acabei parando de escrever. Mas, retornei com o projeto. O que você achou do livro? Às vezes acho que o tema é fraco. Outras, acho que tem uma proposta bacana. Um professor o considerou oportunista! E você, o que acha? Quais editoras você acha que, ao menos, leriam o livro? Forte abraço, Rafael."

Amigo Rafael, você tem um belo projeto pela frente. Gostei bastante do título da obra e da proposta. Um projeto como esse exige uma ampla pesquisa e a coleta de inúmeras informações inéditas. Trata-se, portanto, de um livro ousado, que precisa ser bem conduzido para não ficar sensacionalista.

Primeiramente, você precisa se dedicar e ter motivação pelo trabalho. Não adianta fazer 1001 coisas ao mesmo tempo. Pense, respire e viva para escrever. O melhor escritor é aquele que sonha escrevendo e escreve acordado. Uma distração qualquer pode colocar tudo a perder. Lembre-se: esse é o projeto da sua vida e você deve interpretá-lo como tal. Nunca desista, nunca abandone um livro, por mais simples que ele parece. O verdadeiro autor é capaz de transformar uma história inútil em um best-seller.

Um segundo conselho: antes de escrever, pense no público; pense em um diferencial e procure histórias que realmente merecem ser contadas. O escritor precisa ter uma sensibilidade apurada para captar essas histórias. Uma última dica: escreva e, somente depois de terminar o livro, pense nas editoras. Se o projeto for bom, elas vão ler; se ficar ruim, jogaram fora. Essa é a regra do jogo. Seja bem-vindo a ele!

A última dúvida de hoje foi-me enviada por Heloisa Mattos. Ela disse assim: "Caro Rodrigo, venho acompanhando os seus artigos e gostaria de lhe perguntar algo: estou em vias de publicar o meu primeiro livro e tenho curiosidade de saber se a crítica literária brasileira aceita os nossos escritores. Beijos, Heloisa". Amiga Heloisa, o Brasil não tem, atualmente, uma crítica literária competente. Apenas, uma pessoa consegue captar a essência da obra e transformar em argumentos coerentes. Essa pessoa chama-se Miguel Sanches Neto. As demais, escrevem resenhas, comentários ou observações; e não críticas.

Vou contar um caso curioso: uma crítica da Folha de S. Paulo comentou o ótimo livro "Negócios de Família", de Domingos Pellegrini Jr, dizendo que o autor não tinha evoluído e que continuava escrevendo como há vinte anos. Detalhe: o livro que ela tinha lido era de vinte anos atrás e tinha sido apenas republicado. Veja como faltou preparo. A crítica brasileira precisa se renovar!

Bom, até o próximo domingo.

(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor de doze livros, entre eles "Enigmas e Passaportes", "Como mimar seu cão", "Transroca, o navio proibido", "Poesia não vende" e "Rir ou chorar". Informações: www.rodrigocapella.com.br
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=331888
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Uma língua, muitos povos
Ainda assim, é interessante notar como a literatura e, mais recentemente, a internet, com seus mecanismos de busca que permitem pesquisar nas páginas em português, lançam pontes entre povos com realidades tão distintas. No ano passado, um texto publicado nesta coluna (Uma mulher atual, 08/03/2007) foi reproduzido no jornal on-line O Liberal, de Cabo Verde, arquipélago localizado a 640 km da costa africana, que adota o português como língua oficial. Desde 2004, as antologias literárias organizadas pelo editor sorocabano Douglas Lara contam com a participação de autores de Portugal e Angola.
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=49&id=131368

http://www.sorocaba.com.br/acontece
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