quarta-feira, 19 de agosto de 2020

CHEGOU ALÍSIO

Chegou Alísio


Jania Souza


 Assobia a noite grito de silêncio

Cantarola finos e fortes zumbidos

Nas asas em que agosto se despede

Embora ainda passe ao meio.

O pinga a pinga do chuveiro

Não consegue camuflar

Esse silvo certeiro

Mesclando a madrugada

Despida de luar


Há mistério nessa voz do vento

Tão sonora e alta faz arrepiar a mente

Lembra o uivo do morro lá na Grã-Bretanha

Distante distante distante

Mas seu corpo invisível repassa

As ondas por trás do Parque das Dunas


Sopra Alísio!

Seja bem-vindo

Em meu mar, minha areia

Rendidos aos teus carinhos

Dobra a soberania dos ipês

Das algarobas, castanheiras

Coqueiros em folhas dançantes

Ao lado de sensíveis aroeiras


Não sei se sopras ou se gemes

Fugidio das restingas lá no firmamento

Há lamento em seu pranto toado como canto

Rolado de um peito partido exangue

Aflito em saudades

De outro canto de a(Deus)


Seja bem-vindo Alísio!

Nesse passo apressado

Abraço aos telhados descasados

Em entrega total sem ver seu descaso

Com tudo deixado lá atrás...



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