sábado, 30 de março de 2024

SÁBADO DE ALELUIA E A SERRAÇO PELO ESCRITOR GUTENBERG COSTA

Serração de Velhos ou Velhas. Uma tradição mais cômica do que religiosa. Hoje, seria um preconceito contra os idosos. Antigamente, um grupo de jovens, levavam para as portas de idosos, previamente escolhidos, garrafas, latas, matracas, serrotes. Tudo que causassem zoadas estridentes e perturbadoras. Muitos folcloristas do RN, registraram estes atos, entre eles, Câmara Cascudo e Raimundo Nonato. Os jovens, geralmente iam as portas de homens velhos. O barulho começava, a meia noite, da sexta-feira para o sábado de aleluia. Havia a superstição de que se o Velho, não reagisse, morreria logo mais a tal serração. Vi quando criança, em Pendências, terra de minha mãe, a Serração de meu tio materno Maneco Medeiros. Tio paterno de minha mãe e meu tio avô.  Maneco, o mais velho da família. Brabo que só siri dentro de lata. Maneco, acordou chateado com a algazarra  dos meninos, entre eles, dois sobrinhos, Armando e Almir, meus tios. Jogou com força o penico cheio de urina podre e deu vários tiros de sua velha espingarda de soca na direção do grupo de jovens. Todo mundo correu, inclusive eu, com sete anos de idade. E meu tio Maneco, viveu até a velhice. Foi o último a partir dos seus irmãos. Lembro ainda da cantiga na hora da dita serração de meu tio Maneco: Serra, serra serrador, serra seu Maneco, que fulano de tal mandou! Gutenberg Costa. Nísia Floresta/RN. Viva o nosso sábado de aleluia!

Os velhos mais ranzinzas, eram os escolhidos...

Eram raras as serrações. Os velhos e filhos reagiam...

Depois das serrações iam para as galinhas, com cachaças e findavam na malhação dos judas...

Pesquisador, folclorista, escritor Gutenberg Costa 

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