CANÇÃO DE NINAR FAUSTO
GOSSON
Lúcia Helena Pereira
No salão as pessoas se
amontoam
Um pai canta estribilhos da canção de
Assis
E o seu olhar firma-se no derradeiro
momento
Antes de ver seu filho dormir para
sempre.
Vai, vai filho meu,
Tua pátria é mais
além,
Naquele céu de algodão
doce,
Onde anjos te esperam e
cantam.
Mas o olhar do pai percorre ávido e
triste,
O rosto do seu filho através do pequeno
vidro
Que o separa de todos e de
tudo
Dormindo para acordar no
céu!
Vai, vai filho meu,
Tua pátria é em Deus,
Teus lírios florescerão num céu de
luz
Entre anjos docemente entoando
hinos!
O olhar do pai já não
arde
Mas dói nas dores do seu filho
morto
Por um vício sem
remédio,
Por uma dor que ele não conseguiu
poupar.
Vai, vai meu filho
querido
Segue a tua estrela riscada de
ouro
E dorme, enfim, o teu sono
infinito
Enquanto o meu olhar te
guiará.
Um olhar que fez-se angústia em sete
dias,
Rodopiando pelo hospital enquanto as
horas iam
Para ver o filho, numa UTI, sem
sussurros, sem quase vida,
Enquanto um pai amoroso pedia um
milagre que não se fez!
Vai, vai filho do céu,
Teu Pai eterno o
receberá
Num afã de amor e
ansiedade,
Para, enfim, dar- te o beijo
paternal.
Um olhar de pai fica na
terra
A recordar os passos do menino, do
adolescente e do homem
Tragado pela desgraça de um
vício
Que não entendemos e deixa sobrar
perguntas!
Vai, vai meu filhinho
querido
Há um cantinho bom só para
ti.
Junto de Nossa Senhora que te
abençoará,
E Jesus que te alumiará os
passos.
E fica em mim um olhar de
esperança
Para ver um mundo novo, sem drogas,
dores,
Sem tantas desgraças e
padecimento...
Oh! Filho meu...foste embora, dormiste,
enfim!
FONTE: www.outraseoutras.blogspot.com da poeta Lúcia Helena Pereira
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