SALMO 39
*
(a Sanderson Negreiros)
*
Quando de mim desapartem
a agora face que tenho
ninguém sabe quem fui
nem de onde venho.
*
Se esse humano dos meus gestos
repouse na pedra e cal
quem pergunta se
teci bem, mal?
*
Meus olhos pulverizados
não se possam respantar
estão cansados de
amar, odiar?
*
Na fria tranqüilidade
de todo que se desfaça
há pranto de silêncio,
morte, graça?
*
Quantos breves desesperos
de mim em mim mais caminhem
são heranças da terra
- flores, guerra?
*
Que importa o que então exista
nesse duro chão que passe?
- Estrela da Tarde
no amor me guarde.
"Zila da Costa Mamede (1928-1985) foi uma importante poeta e bibliotecária brasileira. Apesar de ter nascido em Nova Palmeira, município do estado da Paraíba, ela viveu grande parte de sua vida e desenvolveu seu trabalho no Rio Grande do Norte.
[editar] Biografia
Zila Mamede nasceu em 1928 em Nova Palmeira, vila fundada por seu avô e por seu padrinho de batismo, hoje município do estado brasileiro da Paraíba. Apesar de seu pai ser de Caicó e seu avô materno de Jardim do Seridó, ambas cidades do interior do Rio Grande do Norte, as duas famílias se juntaram na Paraíba, onde Zila viria a nascer.
Ainda criança, por volta dos cinco, seis anos de idade, mudou-se para o interior do Rio Grande do Norte, mais precisamente para a cidade de Currais Novos, onde seu pai passou a ter uma fábrica beneficiadora de algodão. Durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, Zila Mamede foi morar em Natal, capital do estado, onde seu pai se encontrava desde o início da chegada dos americanos para organização da base aérea de Parnamirim, a qual serviria aos aliados. Prima do Coronel Mendonça (José Jorge de Mendonça) da aeronáutica, que continua vivo a morar no bairro do Tirol.
Foi após concluir seus estudos secundários que ela começou a ser ou não ser apresentada à literatura, isso se deu por obra de seu padrinho de batismo, o culto Francisco de Medeiros Dantas, enquanto ela passou algum tempo com ele entre as capitais João Pessoa e Recife. Zila começou a escrever aos 21 anos, ao retornar a Natal, após uma tentativa frustrada de ser freira.
Entre 1955 e 1956, cursou biblioteconomia no Rio de Janeiro e fez ainda uma especialização nos Estados Unidos. Depois disso, voltou para Natal, onde reestruturou as duas maiores bibliotecas da cidade: a biblioteca central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que hoje tem seu nome, e a biblioteca pública estadual Câmara Cascudo. Ela publicou livros sobre o assunto, foi membro do Conselho Federal de Biblioteconomia, trabalhou no Instituto Nacional do Livro, em Brasília, e seu nome tornou-se referência.
Zila Mamede morreu afogada em 1985, enquanto nadava na praia do meio, situada na costa litorânea um pouco antes do Forte dos Reis Magos, em Natal, como fazia quase diariamente.
[editar] Produção literária
Zila escrevia com sutileza sobre seu dedão, suas paixões, mas abordava ainda temas relacionados ao sertão nordestino. Também era claro seu fascínio pelo mar, que ela havia conhecido em 1939, em uma viagem a Pernambuco. Suas principais obras: Rosa de pedra (1953); Salinas (1958); O arado (1959); Exercício da palavra (1975) e Corpo a corpo (1978).
Em 1978, foi publicado o livro Navegos, que reúne as cinco obras listadas acima. Zila Mamede contou, durante a produção de seus poemas, com o apoio e amizade de grandes nomes da literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, que a incluía entre suas preferências literárias, e de João Cabral de Melo Neto.
Manuel Bandeira considerou seu primeiro livro, Rosa de Pedra, de 1953, um dos melhores livros de versos brasileiros. Por Salinas, de 1958, Zila recebeu o prêmio Vânia Souto Carvalho, em Recife. Já O arado, de 1959, teve prefácio de Luís da Câmara Cascudo.
A escritora também se dedicou à pesquisa sobre as obras de João Cabral de Melo Neto e Câmara Cascudo." - fonte: WIKIPEDIA
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