SOB O TRONCO CAÍDO DA SAUDADE
(in memoriam ao Baobá do Poeta)
No Largo onde o verde cantava,
erguia-se o velhinho baobá,
braços grossos, copa ampla e brava,
guardiã da sombra e do ar.
Quantas promessas secretas
de quem por seus ramos quis passar.
Mas veio o rumor de perigo,
galho que cedeu, terra que chorou —
fungo no seio antigo,
eco triste que avisou:
“Perigo ao corpo, risco à vida”,
a voz da razão ordenou.
E caíste, árvore irmã,
arrancados teus veios da rua,
Natal correu — mas nada há
que devolva tua alma nua.
Resta o tronco sob as cinzas:
memória que se aquieta e flutua.
Ó baobá de história antiga,
que guardaste segredos da gente,
sussurra agora, em voz amiga:
o concreto ergue — mas ausente.
Que toque o chão teu corpo imenso,
mas teu sonho viva em semente.
Claudio Wagner
#baobá #baobádopoeta @academias_de_letras_e_artes_rn
#ecologia #poesiaévida
O baobá do poeta Diógenes da Cunha Lima - preservado com muito amor por esse, despediu-se do seu castelo de contos de fada, porém antes deixou sementes de inspiração na sensibilidade de poetas da terra de Poti.
O poeta Cláudio Wagner nesse adeus deixa registrado na lira do povo a sensibilidade da mais fina poesia cantada pela altiva árvore em nosso convívio. Ela já era da nossa família e da rotina daqueles que trafegavam pela Rua São José.
Permanecerá em nossa memória como o Baobá do Poeta.
Jania Souza escreveu poema sobre suas raízes ancestrais intitulado África Somos Todos Nós, dedicado aos poetas Diógenes da Cunha Lima e Roberto Lima de Souza, publicado em seu livro Voo nas entrelinhas da liberdade pelo Selo Nave da Palavra-UBERN e Offset Editora, 2017, páginas 87-88.


Nenhum comentário:
Postar um comentário