NECROFILIA
Luiz Otávio Oliani
14 12 2025
Outro dia, rolando o dedo pelo Instagram, veio à cena um vídeo da escritora Lygia Fagundes Telles no Programa Roda Viva.
Nele, Lygia exaltava que um escritor só ficava bom depois de morto. Ou seja, as louvações só existiam após a morte do intelectual.
Assim tinha sido com Clarice Lispector que reclamava do silêncio, tudo em relação à obra que publicava.
O entrevistador da bancada, o também escritor Ignácio Loyola de Brandão citou o nome de Caio Fernando Abreu. Lygia disse que ele era ótimo, falava com ele quase diariamente, mas que não teve o reconhecimento em vida.
Por fim, Telles se queixou dessa necrofilia, desse desejo insano de exaltar o morto, porque este não tinha mais vontades.
Aqui, abro um parênteses, pois, em 28 de novembro de 2025, fiz uma homenagem em vida a um grande intelectual: Rogério Salgado.
Embora natural de Campos de Goytacazes, mas morador de Belo Horizonte, ele saiu das plagas mineiras para o lançamento do livro organizado por mim: "A reinvenção da memória: as bodas de Rogério Salgado", publicação da Ventura Editora, 2025, no Rio de Janeiro, na Livraria Coffeebreak, na Lapa.
Na presença do editor, do autor de uma das orelhas, o professor e escritor Leandro Alves, e de muitos convidados, celebramos não a necrofilia, mas a vida e a obra de um intelectual que completou 50 anos de atividades literárias.
Um brinde à literatura da Rogério Salgado, Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu!

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