A flor verde tecida pelas mãos de Vinicius, um menino de idade indefinida, mas calculo em torno dos 10 anos. Mora no bairro de Felipe Camarão e estuda na Escola Municipal Djalma Maranhão. Sua mãe se encontra em casa e ele faz artesanato na Árvore de Mirassol, embora criança não possa trabalhar por lei.
Acerca-se de mim e inicia um bate-papo após minha acolhida gentil.
- Posso mostrar como faço minha arte? - pergunta-me.
- Não. Estou sem dinheiro para comprar - respondo.
- Não tem problema. Não precisa comprar. Apenas observe.
Sorrio, enquanto tomo a limonada, a qual adquiri ao chegar no Espaço Cultural da Árvore de Mirassol, para assistir o Coral de minha amiga Alzenira Sapeca. Ela professora, coordenadora da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Natal e coralista.
A apresentação deveria começar às 17h. Perguntei sobre o evento, porém ninguém sabia informar. Nem mesmo a moça que me vendeu com simpatia o suco de limão em gelo. Uma espécie de sorvete com água, limão e gelo triturado. Exposto na barraca de sucos em um pote de vidro com torneira. A vendedora garantiu que não havia álcool no preparado. Excelente informe para a minha tomada de decisão. Sou alérgica à substância ausente na limonada. A iguaria mostrou-se refrescante e saborosa. Apreciei-o sentada a mesa ao lado da Árvore Natalina ainda as escuras, enquanto observava o infante artista.
Ao término da feitura da arte, ele me ofereceu a bela obra verde em palha de coqueiro. Recusei aceitar por não poder retribuir o valor da sua produção artística por falta de dinheiro naquele instante.
Com olhos meigos e sorriso recatado ele falou-me...
- Recebo pix.
- Como você tem pix?
- É e-mail.
- Você está trabalhando para alguém?
- Não. É do meu irmão.
Vejo dois jovens com palhas de coqueiro em pé na rampa perto do palco. Presumo que um deles é irmão de Viícius.
- Não posso passar pix agora.
Mesmo assim ele insistiu em dar-me a preciosidade. Então concordei em aceitar e ele se despediu e saiu em busca de novo cliente. Mentalmente o abençoei. Ato que faço sempre no silêncio do meu coração desejando o melhor do universo aqueles com quem cruzo nas esquinas da vida.
A flor da esperança repousei sobre a mesa de madeira em que me encontrava sentada e fiz a foto para compartilhar esse encontro de almas no Natal de Jesus, onde a espiritualidade desperta na relação inesperada superou a trivialidade do consumismo. Dois seres de realidades diversas trocaram palavras gentis e cheias de respeito e significados implícitos guiados pela mão invisível do Menino...
Levantei os olhos. Nesse instante as luzes da árvore foram acesas. Percebi que estava aos pés da enorme maravilha que me encanta desde pequenina por recordar-me o nascimento do Redentor.
Ao retornar para casa, a flor foi colocada aos pés de Nossa Senhora, Mãe Maria, numa oração pelos fragilizados, principalmente as crianças, sendo representadas pelo infante artista Vinícius, o poeta da rosa verde chamada esperança.
Que seus dias sejam abençoados nos braços aconchegantes do Menino Deus - Jesus. Feliz Natal!!!
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