Por Jania Souza
Poeta Volonté encantou-se do plano terrestre, todavia deixou o legado da sua poesia imortal.
Surpresa, recebi a notícia da sua passagem no grupo do WhatsApp da UBERN no dia 11 de novembro, veiculada pelo poeta Lívio de Oliveira. No blog da cronista Hilneth Correa foi postado o comunicado, onde se encontrava a causa de sua partida: traumatismo craniano após uma queda.
Encontrei o nobre poeta no Festival Literário de Natal em 2024 na Praça Pedro Velho em Tirol. Conversamos no Stand da Flibeco em que expunha meus livros com a SPVARN. Não sabia que era a última vez.
O tímido e gentil poeta sempre me tratou com grande deferência. No que era retribuído com carinho e admiração. Mais uma voz silenciada pela urgência do tempo em nosso meio. Boa viagem.
Quem era o poeta Volonté
Por José Ivam Pinheiro
*Manoel Fernandes de Souza Júnior (Volontê)*
Muito triste e impactado com a partida de encantamento do meu amigo poeta - Manoel Fernandes de Souza Júnior, o dileto poeta Volontê de Natal. Sempre que o encontrava, em algum evento literário ou musical, ou no Beco da Lama, o amigo Volontê vinha com novidades e conversas culturais de alto nível cultural, o que era bastante agradável e salutar bater um papo e aprender com a sapiência intelectual da fonte de conhecimento do poeta simples e descolado que era. Uma vez, a muitos anos atrás, conversando sobre cinema em Natal, e depois, sobre Cineclube, o amigo poeta me presenteou com uma cópia de uma gravação do filme "A tortura do silêncio” (“I Confess”, 1954), de Alfred Hitchcock, cuja história do "mestre do suspense", trata da história do padre católico - Michael Logan, que ouve a confissão de um servente da igreja em Quebec, que lhe diz ter cometido um assassinato. E como sugestão de Volontê, assisti esse filme, que realmente é muito bom.
Verdadeiramente sentido diante do encantamento do amigo Poeta Volontê, expresso os meus sentimentos de pesar, e rogo a Deus que ampare no abrigo do átrio celestial com bênçãos, graças e a bem aventurança da luz divina do Espírito Santo, essa grande figura humana do bem, amigo dos livros e artes que partiu, antes do combinado, para a infinitude da morada celeste, lá junto do nosso Pai Eterno.
Rogamos a Santíssima Trindade, o conforto espiritual para amenizar e servir de lenitivo a dor e saudades eternas diante da partida de Volontê. Que o seu legado, nos exemplos de amizade, poesia e amor ao próximo e às artes, e o fazer o bem, sejam lembranças eternas, e que o amigo poeta descanse em paz na luz perpétua de Deus.
VOLONTÉ
Voluntas de vê-lo passeando pelos novelos,
Voltando ou indo nos sebos invisíveis.
Voleios, volteios, voltagens em versos cheios,
vou ter de inventar um meio para sempre tê-lo:
em imagens, voos altos, cadernos, veleiros.
Vá na Luz, meu amigo.
Natal, 11 de novembro de 2024
Alexandre Abrantes
_Soli Deo Gloria_
VOLONTÉ mesmo.
Apelido inspirado no artista italiano Gian Maria Volonté, que trabalhou em vários filmes de Sergio Leone.
[12/11/2024].
Soube há pouco do encantamento do poeta Volonté (Manoel Fernendes de Souza). Antes se fora Diulinda... e mais outros e outros. Tenho perdido inúmeros amigos, ao longo da vida. Novas e velhas amizades. Algumas delas, tão antigas, que já me pareciam fora do tempo e nelas podia enxergar a eternidade. Tudo faz parecer um sonho... E neste mistério, em que não deixo de pensar e no qual me debruço todos os dias, estão os legendários versos de Calderón, e seu acorde definitivo: “la vida es sueño y los sueños sueños son”. E cada amigo que se encanta, sinto-o mais vivo e daí mais acesa a sua saudade.
Com a idade, que avança a cada volta em torno do sol, a soma dessas perdas aumenta. Quando bem jovem, ainda estudante universitário no Recife, lembro que destaquei, numa reunião com amigos, o seguinte paradoxo: ou, aproveitando pouco a vida, morremos cedo - e não vemos a partida de muitos que amamos -, ou tarde, já idosos, e aí, acelerada a solidão sem mais a presença de quase todos entes queridos cuja perda somos condenados a sofrer.
A leitura de “Monólogos on-line”, de meu amigo e ex-professor de Introdução à Ciência do Direito Ivan Maciel de Andrade, traz a oportuna lembrança do ilustre pensador Alceu de Amoroso Lima, que assim se expressa: “Ninguém morre de uma vez só. Vamos morrendo pouco a pouco na pessoa daqueles que vão partindo antes de nós e cada um dos quais leva consigo um pouco de nós mesmos”.
Escrevendo esta nota, lembrei-me de um poema que fiz há algum tempo, A PORTA MAIOR, que, num único ato , retrata esse “sentimento trágico da vida”, na expressão de Unamuno. Afinal, carregamos em nossos corações muitos mortos queridos:
NA PORTA MAIOR
No portal da transposição ou porta maior
por onde migram as almas
em busca dos Elísios
perguntam a José:
Quantos mortos carregais?
Nenhum
pois não me foi dado o tempo
do convívio humano.
Venho do Limbo
e nada tenho a confessar.
Perguntam a Pedro:
Quantos mortos carregais?
Muitos
pois muitos anos vivi:
dezenas de parentes e amigos
que se foram antes de mim
e mesmo alguns inimigos que perdi
perdendo a voz de sua volta
no íntimo desejada.
Mas ainda jovem
da sibila ouvi
que assim seria:
primeiro eu
ou eles
e escolha não haveria.
Ver ou não ver:
eis a questão ou
funesta profecia -
quem vivesse ficaria
para ver partirem os demais.
A esses sobrevivi
e agora comigo os trago.
Perguntam a Antônio:
Quantos mortos carregais?
Na verdade
ainda não morri
e nem mesmo sei
o que faço aqui.
O desânimo talvez
ou a apatia
construiu o vazio
deste outro mundo
em que me encontro.
Podem chamar
se quiserem
de tédio ou depressão
o que ainda presos
mantém meus passos
no antigo chão.
Perguntam enfim à morte:
Quantos mortos carregais?
Todos
porque todos são
como se fossem
filhos meus.
- E isto porque convém à morte
estar nos vivos e nos mortos
e com todos compartir
suas responsabilidades.
Por Horácio Paiva
O amigo Volontê
O velório de Volontê será no Centro de Velório na Avenida 8, próximo ao Colégio João Tiburcio.
O velório acontecerá até meio dia quando o corpo será transportado para a cidade de Extremoz, onde será sepultado.
Há pessoas de quem nos tornamos amigos, de uma maneira espontânea e simples.
O amigo Volontê frequentava a Manimbu, e sempre me procurava para alguma conversa. Andávamos pela livraria. Folheava livros, enquanto encetava algum novo diálogo. Não conheço a sua família, sua história de vida, mas sinto que faço parte do mundo em que ele viveu. Um mundo feito de arte, poesia e livros.
Siga em paz, amigo.
Por Aluísio Azevedo Junior
Sentimento
Senti bastante a partida de Volontê. Deus receba a sua alma em Sua Mansão Celestial.🙏🏻
Dr. Carlos Gomes de Miranda
*Morre o poeta Volonté, que fez da leitura uma morada*
Link:
Sabedoria de um intelectual poeta
Volonté
na Terra
não arrebanhou fortuna
semeou a abundância da amizade
Jania Souza
Um comentário:
Conheci o poeta Volontê em um Festival Lierário que ocorreu na praça do Teatro Alberto Maranhão há alguns anos. Conversamos e fiquei admirada como ele conhecia os grandes expoentes literários da literatura e suas obras. Vá em paz, caro poeta.
Lúcia Eneida
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