FAZ DE CONTA
Te esperei
durante oito uísques
três visitas inesperadas
quatro maços de cigarro
enquanto um copo suado
aguardava o brinde a dois
E compus frases de efeito
para bem te impressionar
fiz promessas em versos
castelos para te abrigar
mas tu não vieste
na hora marcada
nem depois
Madrugada em meu peito
nicotinumedecido
realça o claro escuro
do sonho subtraído
ao dia que vai nascer
Tout compte fait
Je t’ai attendu
le temps de huit whisky
trois visites inespérées
quatre paquets de cigares
tandis qu’une coupe congelée
attendait le toast pour deux
Et j’ai écrit des phrases sensationnelles
pour mieux t’impressionner
j’ai fait une promesse en vers
construit des châteaux pour t’abriter
mais tu n’es pas venu
à l’heure convenue
ni après
Aube en ma poitrine
nicotine-humidifiée
rehausse le clair-obscur
du rêve soustrait
au jour qui naîtra
VARAL DO PASSADO
Quando anunciaste que te ias
imersos em espanto
meus olhos souberam a temporais
não por desconhecer agonias:
– aprendi cedo a conviver com ausências
o que me rarefez no peito o ar
foi o teu indisfarçável afã
de pendurar sonhos no passado
sem legenda
ritual de despedida
ou quaisquer deferências
apenas a pressa
em transmudar tudo que vivemos
em nada mais
Etendoir du passé
Quand tu m’annonçais ton départ
mes yeux pleins de frayeur
connurent des tempêtes
non par l’ignorance des angoisses :
-très tôt je m’accommodais des absences-
ce qui me raréfie l’air dans la poitrine
c’est que tu t’œuvrais visiblement
à reléguer mes rêves à un passé
dépourvu de légende
de rituels d’adieux
ou de déférence
et de manière expéditive
en réduisant notre vécu à néant
Rizolete Fernandes,
Traduit de l’espagnol par Maggy De Coster
Journaliste, écrivain , poète, France.
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