Apresentação de Almira Lopes, pseudônimo de Bia, Servidora Publica Federal aposentada; formada em Administração; mãe e admiradora do bom vernáculo
SENHORA
Senhora,
por que te chamam de morte?
Onde está a tua foice,
que usas para ceifar as vidas?
Dizem que teu manto é negro!
Dizem que teu véu esconde
o teu rosto cadavérico!
Todos te temem, Senhora,
pois tua missão é matar!
Mulher mulçumana
de roupão negro
e alma desumana!
Te chamam de assassina,
mas essa é a tua sina,
montada em tua foice alada,
recolhendo em cada escalada
a alma dos condenados
que logo se tornam finados.
De ti todos fogem, Senhora!
Porém, na exceção das regras,
mesmo sem chegar a hora,
muitos chamam por ti,
querem partir,
sanar o sofrimento da alma,
ou sofrimento do corpo,
muitas vezes quase morto!
Senhora, como tu és?
Como dizem, feia e cadavérica!
Não!
Assim não és!
Podes ser linda e fatal,
de corpo escultural!
Talvez a Eva do Éden,
ou a musa dos Cantares do rei Salomão,
ou Nefertiti, a bela amada de Akhenaton,
o grande faraó!
Senhora, levanta teu negro véu
e mostra teus olhos cor de mel!
Dizem que és má,
mas só cumpres tua missão!
Não és má, és boa!
Quando vens, tua voz ecoa
um hino angelical
para o recolhimento final!
Tuas lágrimas descem,
quando deixas o corpo inerte
para alimento dos vermes.
Contudo, triunfa teu sorriso,
quando lá em outra vida
entregas a alma recolhida
aos pés da Santa Cruz,
nos braços de Jesus!
Senhora,
se transformas a morte em vida,
então, não és morte,
és vida!
Bia Lopes, Brasília-DF
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