sábado, 24 de fevereiro de 2024

SENHORA, POEMA DE BIA LOPES - BRASÍLIA-DF



Apresentação de Almira Lopes, pseudônimo de Bia, Servidora Publica Federal aposentada; formada em Administração; mãe e admiradora do bom vernáculo


SENHORA


Senhora,

por que te chamam de morte?

Onde está a tua foice,

que usas para ceifar as vidas?

Dizem que teu manto é negro!

Dizem que teu véu esconde

o teu rosto cadavérico!

Todos te temem, Senhora,

pois tua missão é matar!

Mulher mulçumana 

de roupão negro

e alma desumana!

Te chamam de assassina,

mas essa é a tua sina,

montada em tua foice alada,

recolhendo em cada escalada

a alma dos condenados

que logo se tornam finados.

De ti todos fogem, Senhora!

Porém, na exceção das regras,

mesmo sem chegar a hora,

muitos chamam por ti,

querem partir,

sanar o sofrimento da alma,

ou sofrimento do corpo,

muitas vezes quase morto!

Senhora, como tu és?

Como dizem, feia e cadavérica!

Não!

Assim não és!

Podes ser linda e fatal,

de corpo escultural!

Talvez a Eva do Éden,

ou a musa dos Cantares do rei Salomão,

ou Nefertiti, a bela amada de Akhenaton,

o grande faraó!

Senhora, levanta teu negro véu

e mostra teus olhos cor de mel!

Dizem que és má,

mas só cumpres tua missão!

Não és má, és boa!

Quando vens, tua voz ecoa

um hino angelical

para o recolhimento final!

Tuas lágrimas descem,

quando deixas o corpo inerte

para alimento dos vermes.

Contudo, triunfa teu sorriso,

quando lá em outra vida

entregas a alma recolhida

aos pés da Santa Cruz,

nos braços de Jesus!

Senhora,

se transformas a morte em vida,

então, não és morte, 

és vida!


Bia Lopes, Brasília-DF


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