Outra vez é outro dia
Jania Souza
Outra vez já é outro dia
Cheio de hoje - agora, esse presente
De cheiro à distância dantes, distanciado
Nesse momento de completude em mim
Com um passo no brilho do amanhã
Outra vez já é outro dia
Sepultura do ontem que se faz manhã
De um passado tão próximo
Escondendo-se no abraço amanhecido
Na areia da praia como concha perdida
Empurrada na leveza das ondas de sonho
Do improvável surpreendido no decurso
Das horas ininterruptas deixadas lá atrás
No barco das despedidas.
O velho e o novo, antagônicos, se opõem
Contradição aparente que há entre inicio e fim.
No meio dessa dicotomia a essência
O melhor, a raiz, permanece
Faz florir o belo recomeço
Da árvore da vida
Garças em voo saem de si
Com a possibilidade do impossível
Agora ser possível
Outro dia já se faz na curvatura do firmamento
Eu de cá a matutar o porquê dessa alegria
De recomeço da vida a cada dia
Outra vez já é outro dia
O ser se deixa carregar na orgia
Da esperança de ter 365 dias
Para conserto dos erros passados
Comemorar acertos e vitórias
No abraço do perdão, na mão ao irmão
Lavar as mazelas dos ranços na memória
No mar imenso e profundo do oceano de si.
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