sábado, 31 de março de 2018

ALZIRA SORIANO - PRIMEIRA PREFEITA NA AMÉRICA LATINA - PESQUISA PARA A COLETÂNEA "MUJERES EJEMPLARES" DA ASSOCIAÇÃO CAJAMARCA, IDENTIDADE E CULTURA DO PERU - ORGANIZAÇÃO GUILLERMO ALFONSO BAZÁN BECERRA

 
Mulher do Sertão Nordestino


À Política Brasileira Alzira Soriano

Por Jania Souza,  Natal, RN, Brasil


Venceste a seca com gibão e arribaçã
Não sentiste os espinhos do xique-xique
Cravados bem no fundo do coração

Levantaste a cabeça destemida
Foste em busca do milagre
Escondido dentro das tuas mãos

Enxugaste tuas lágrimas com a lida
No peito que amamentava tuas filhas
Na enxada que rasgava o ventre
De "Primavera" e escondia para sempre
As carnes agora frias do teu esposo
Grande companheiro da tua vida

Tua garra despertou o interesse
Das Sufragistas e em 1928 foste eleita
Para honra de todas as mulheres
"Primeira Mulher a ser Prefeita no Brasil

E na América Latina”.


Ó, Alzira Soriano! Tua vitória consagrou
O direito ao voto feminino em 1932.
Mostraste ao teu país e ao mundo
O inalienável tributo, oferenda inestimável
Da mulher nascida no Sertão Nordestino!











Alzira Soriano, uma mulher sem medo

“Política Brasileira e primeira mulher eleita para dirigir uma prefeitura no Brasil e na América Latina no ano de 1928”

Por Jania Souza

Alzira Soriano como é conhecida a potiguar Luísa Alzira Teixeira Soriano nasceu na cidade de Jardim de Angicos no dia 29 de abril de 1897, no estado do Rio Grande do Norte, localizado na região nordeste do Brasil e ficou conhecida como a primeira mulher a ser eleita para governar um município.
Faleceu em 28 de maio de 1963 na mesma cidade em que veio ao mundo com 67 anos de idade vitimada por um câncer.
Uma mulher notável que quebrou o tabu da figura feminina exercer Cargo Público Administrativo de Prefeito em seu país. Foi eleita através do voto direto com sessenta porcentos dos votos válidos.
Uma mulher exemplar e admirável por fazer enfrentamento ao código machista imposto também na política, que vetava a figura feminina o direito ao voto e à candidatura a cargos públicos elegíveis pelo sufrágio direto.  Foi uma luta árdua, que lhe concedeu a vitória por sua persistência, lealdade e coragem imbatível. Na época, seu opositor um major da região, não conseguiu suplantar seu carisma, reforçado pelos votos femininos e o apoio das sufragistas, mulheres que lutavam organizadamente pelo direito ao voto.
Alzira Soriano manteve contato com a sufragista e cientista brasileira de renome Bertha Lutz e sob sua orientação lançou sua candidatura à Prefeitura do Município de Lajes, interior do estado. Esse registro da chapa eleitoral só foi possível por causa de uma brecha na lei estadual em 1928 que determinava: “No Rio Grande do Norte poderão votar e ser votados, sem distinção de sexos, todos os cidadãos que reunirem as condições exigidas por esta lei”.
Apenas quatro anos depois é que as demais brasileiras teriam direito ao voto através do Código Eleitoral de 1932.
Fatos comprovados pelos depoimentos abaixo transcritos do artigo - Memória: Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil da autoria de Luiza Villaméa, publicado na revista Brasileiros, edição de 27 de setembro de 2016:
 “Alzira disputou em 1928, aos 32 anos, as eleições para prefeito de Lajes, cidade do interior do Rio Grande do Norte, pelo Partido Republicano, vencendo o referido pleito com 60% dos votos. Foi a primeira mulher da América Latina a assumir o governo de uma cidade, segundo notícia publicada na época pelo jornal norte-americano “The New York Times”.
“Alzira exerceu o cargo por apenas um ano, pelo então Partido Republicano. Em 1930, descontente com a eleição de Getúlio Vargas, ela deixou a função. Apenas dois anos depois disso, em 1932, mulheres conquistariam o direito de votar. Em 1947, voltou a exercer um mandato de vereadora do município de Jardim de Angicos, cargo para o qual foi eleita três vezes.”
À frente de um gabinete formado apenas por homens, Alzira investiu em obras de infraestrutura, como estradas e iluminação pública, mas ficou pouco tempo no posto. Caiu depois da ascensão de Getúlio Vargas ao Palácio do Catete, voltando à vida pública junto com a redemocratização de 1945. Foi eleita vereadora por duas vezes consecutivas.
Naqueles tempos, ela nem sonhava que em 2016 mais de 30% dos candidatos a prefeito e vereador do Brasil seriam mulheres.”

Alzira Soriano, uma trajetória de luta e garra

Ao ficar viúva aos 22 anos em 1918 de Thomaz Soriano de Souza vitimado durante a epidemia da Gripe Espanhola, encontrava-se grávida e com duas filhas para criar, além da administração da fazenda “Primavera” com todos os seus encargos. Vaqueiros, plantação, os problemas climáticos da região e a inconveniente, à época, condição de ser mulher.
Não pode tremer em suas bases. Mal teve tempo para enxugar as lágrimas. Arregaçou os brios. Desencaixotou a coragem e a persistência e foi a luta da sobrevivência. Por si, pelas filhas, pela fazenda e por todos que dependiam dela, inclusive o gado.
Foram dez anos de luta e aprendizagem forjando seu caráter na rudeza da caatinga.
Conhecedora dos seus direitos, não permitiu que ninguém a pisasse.
Respeitada por todos por seu carisma, liderança, profissionalismo em uma época em que as mulheres não recebiam elogios.
Transformou sua vida e deu subsídio à construção das vidas que dela dependiam para se afirmarem em seus destinos.
Dez anos, passaram-se, aos 32 anos consegue abrir novos caminhos. Não apenas para si, mas para as mulheres da América Latina.
A essa mulher exemplar, Alzira Soriano, a gratidão de todas as gerações femininas.

FONTES: 

Museu Alzira Soriano  
Museu no Rio Grande do Norte

Endereço: Tv. Francisco Nobre, 36, Jardim de Angicos - RN, 59544-000


Fonte e referência de pesquisa e fotos:

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