SEDUÇÃO DIVIDIDA
Esplendorosa lua!...
Por que invades-me com teu clarão
e também à minha solidão
não menos diminuta,
Castigando-me o peito
com inomináveis marcas
de saudades nuas,
Se tão cruel já é a fissura
que em vil tortura
sobre mim se abate!...
Se hás de seduzir-me
com teu amplo brilho,
Com que desenfreada paixão
em lasciva neblina podes,
Transformar em sereno gozo
essa madrugada fria,
silenciosa e voraz
que tudo aglutina,
Se tudo quanto de ti disponho
É tão somente um radiante
e colossal sorriso!...
Com quem mais divides tu
-além de mim-, em pleno céu
tal véu de exuberante formosura
posto assim equidistante
Entre o sol de algum dia
E esta pequena Criatura?!...
(F. Elíude P. Galvão)
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