a noite engole o sono
o sono engana o espírito
a vida esvai-se no sangue dos minutos.
pinga o canto monótono da torneira
esgano a muriçoca num aperto fúnebre
meus dedos choram no teclado uma música triste
meus sonhos derramam-se sobre a neblina de um tempo perdido
retrocesso (...)
não há mais a perfidia dos dias
na cláusula do cubílico
o miado é o gemido insano de um gato
que se finge de homem
na argamassa do passado
há um véu de pano de fundo
na tv do futuro
só há o ranço do aborto do desgosto escuso, incompreendido
na parede do vento que obrou um falso edifício
bum!
a noite perde-se na quimera que pode ser o sonho
3 comentários:
MARAVILHOSO! Nada mais a declarar!
Ah... se de toda a insônia e abstinência houver o mel ou o ranço da poética franzina que carcome os dedos da alma.
Ah... se de toda falta houver a música que invade encharcando o polido e o sisudo homem.
Ah... se de todo ócio houver o lacre que aprisiona e liberta as palavras.
Ah... se de todo recolhimento houver a explosão (o bum!) que nos liberta de nós mesmos...
.....
viveremos tempos melhores
viveremos tempos melhores
viveremos tempos melhores
......
viveremos os tempos em que os homens voltarão a ser os animais que sonham a quimera de apenas deixar-se ser, sendo a palavra: a guia da humanidade ou o calabouço dos aflitos que gritam no mundo dos surdos.
......
Ah... se toda a insônia me aprouver de sentidos.... viverei melhor e em tempos melhores.
Parabéns Jânia pelo inspirador e belo poema.
Shannya Lacerda
Oi, moça,
Qual vai ser a programação para o dia da poesia?
Aguardo contato...
Abraço do Pedra do Sertão.
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