segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A LENDA DA ORQUIDEA "JANIA" - AUTOR FELICE DE MILÃO (FELICE VALTORTINI) - VEJAM QUE ENCANTADOR PRESENTE RECEBI EM 28/02/2017 - EMOCIONOU-ME PELA BELEZA E SENSIBILIDADE E LOGICAMENTE PORQUE O MEU NOME FOI DADO A PRIMEIRA ORQUÍDEA. OBRIGADA AMIGO FELICE MILÃO!

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A Lenda da orquidea “Jania”.


Em uma cidade chinesa existia uma jovem chamada *Hoan Lan*, que divertia-se em fazer penar suas paixões

aos seus numerosos adoradores.

Por um sorriso, o jovem Kien Fu tinha cinzelado o ouro mais fino e trabalhado com paciência lindas peças de jade.

A ingrata, após se adornar com todos os presentes do nobre apaixonado, riu-se dele e o desprezou.

Kien Fu, desesperado, acabou com a própria vida atirando-se ao Rio Vermelho..


O pintor Nguyen Ba conseguiu obter cores desconhecidas para pintar o retrato de sua amada.

Esta, porém, depois de ter exibido para a satisfação de sua vaidade a magnífica pintura, desprezou o artista

que desapareceu para sempre no mistério das selvas..



Mai Da, apaixonado também, quis patentear seu amor à jovem volúvel, inventando um perfume delicioso somente digno dos Anjos.


A ingrata perfumou-se e mandou pôr na rua o seu adorador que, nada mais aspirando na vida, se envenenou.




Cung Le levou sua perseverança a incrustar nácar numa pulseira de ébano que não foi recebida pela ingrata.

O pobre endoideceu.


Mas o poderoso Deus das Cinco Flechas, Deus que a tudo via e tudo ordenava, julgou que era o momento de castigar

tanta maldade, fazendo a jovem volúvel apaixonar-se pelo formoso Mun Cay.


Desde então, *Hoan Lan* sonhava no seu leito de nácar e sedas bordadas, com seu adorado, cujo nome esvoaçava

sobre seus lábios de carmin como uma borboleta sobre uma rosa.

Ao despertar descia à piscina, banhava-se e adornava-se com suas jóias mais preciosas para ver passar seu querido Mun Cay,

que nem se dignava a levantar os olhos para ela.


Nunca tinha considerado a formosa jovem, que nem todos são interessados pela fama de beleza que tinha ardido à sua volta.


Os dias iam passando, e Mun Cay não saía de sua indiferença cruel. Um dia, *Hoan Lan* decidiu sair-lhe

ao encontro e declarar-lhe paixão. “Não me interessas, rapariga” disse ele.

Es como todas as outras, para mim não vales nada.

Se fosses como aquela que eu amo... Aquela sim que é uma Deusa".
tu, mísera *Hoan Lan*, com toda tua vaidade, não serves nem para atar-lhe as fitas das sandálias.

E, com um sorriso desdenhoso, afastou-se.


Em meio de seu desespero, *Hoan Lan* lembrou-se do Deus todo Poderoso que vivia na montanha de Tan-Vien.

Talvez ele pudesse lhe valer; apesar da noite escura e chuvosa, a jovem dirigiu-se ao Monte Sagrado,

onde residia sua última esperança.


A entrada do Templo subterrâneo era guardada por um terrível dragão.
Suplicou-lhe a concessão de entrada e, ao cabo de muitos pedidos, conseguiu penetrar num extenso corredor,

entre serpentes horríveis que lhe babujavam os pés nus.


Quando chegou junto ao Trono de Onix o poderoso Gênio, prostrou-se e implorou:

- Cura-me, que sofro horrorosamente. Amo Mun Cay que me despreza. -


“É justo o castigo" - respondeu o Gênio - pois isso mesmo tens feito aos teus apaixonados.

Oh, Todo Poderoso, tem dó de mim. Concede-me o amor de meu querido Mun Cay,

sabes bem que não posso viver sem ele.

Vai-te daqui - rugiu o Gênio - nada conseguirás.

0 castigo que pesa sobre ti, foi imposto pelo Kama que tudo sabe.

É justo que sofras. Sai do meu Templo.


À saída, *Hoan Lan* encontrou-se com uma bruxa de pés de cabra. “Formosa jovem” - disse-lhe a bruxa -

sei que és muito desgraçada. Queres vingar-se de Mun Cay? Vende-me a tua alma e juro-te que, embora

Mun Cay não te ame, nunca amará a outra mulher.  *Hoan Lan* voltou à sua casa, que lhe parecia um cárcere.

Saía para os bosques a distrair sua pena, mas sempre em vão.

Um dia, vendo ao longe seu adorado Mun Cay, correu para ele e, quando se preparava para abraçá-lo,

o jovem foi transformado numa árvore de ébano.

Neste momento apareceu a bruxa que, soltando uma gargalhada, lhe disse: 

"Desta maneira o teu amado não pode ser nunca de outra mulher". 

"Bruxa infame!" - exclamou chorando, a pobre *Hoan Lan* - o que fizeste a meu adorado?

“Devolva-o ou mata-me”. - "Contratos são contratos" - replicou a bruxa, rindo satanicamente.

"Cumpri o que prometi”. MunCay, embora nunca te ame, não amará a outra mulher. Prometi e cumpri.

“A tua alma me pertence”.

*Hoan Lan*, abraçada ao pé da árvore, clamava desesperadamente a seu tronco imóvel:

“Perdoa-me, Mun Cay”. Fala para mim uma só palavra de amor, de indulgência e compaixão.

Não vês como me arrasto aos teus pés, como te abraço, como sofro?

Mas a árvore nada respondia e a jovem ali ficou por muito tempo….


Uma manhã passou por ali um outro Gênio que se compadeceu da sua dor.

Acercando-se dela, pôs-lhe um dedo na testa e disse: 

Mulher, procedeste muito mal. Foste volúvel até a crueldade e ingrata até a malvadez”.

Mas tua dor purificou a tua alma. Estás perdoada e vais deixar de sofrer.

Antes que a bruxa venha buscar a tua alma, vou transformar-te numa flor.

Ficarás sendo, no entanto, uma flor esquisita e requintada, que dê a impressão do que foi a tua vida maldosa.

Quem vir as tuas pétalas facilmente adivinhará o que foi o teu espírito, caprichoso, volúvel, cruel,

e a tua preocupação constante pela elegância.

Concedo-te um bem: “não te separarás do bem que adoras e viverás da sua seiva, parasita do teu amado”.
Assim falou o poderoso Gênio.

E, enquanto falava, a túnica rósea de *Hoan Lan* ia empalidecendo e tornando-se de uma delicada cor lilás.

Os olhos da jovem brilharam como pontos de ouro e as suas carnes tomaram a tonalidade do nácar.

Os seus formosos braços enrolaram-se na árvore da derradeira súplica.


E assim apareceu a primeira Orquídea do mundo que em seguida foi chamada “Jania”.

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