quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Abstinencia Poética - Jania Souza

a noite engole o sono
o sono engana o espírito
a vida esvai-se no sangue dos minutos.

pinga o canto monótono da torneira
esgano a muriçoca num aperto fúnebre
meus dedos choram no teclado uma música triste

meus sonhos derramam-se sobre a neblina de um tempo perdido

retrocesso (...)

não há mais a perfidia dos dias
na cláusula do cubílico
o miado é o gemido insano de um gato
que se finge de homem

na argamassa do passado
há um véu de pano de fundo
na tv do futuro
só há o ranço do aborto do desgosto escuso, incompreendido
na parede do vento que obrou um falso edifício
bum!

a noite perde-se na quimera que pode ser o sonho

3 comentários:

  1. Ah... se de toda a insônia e abstinência houver o mel ou o ranço da poética franzina que carcome os dedos da alma.
    Ah... se de toda falta houver a música que invade encharcando o polido e o sisudo homem.
    Ah... se de todo ócio houver o lacre que aprisiona e liberta as palavras.
    Ah... se de todo recolhimento houver a explosão (o bum!) que nos liberta de nós mesmos...
    .....
    viveremos tempos melhores
    viveremos tempos melhores
    viveremos tempos melhores
    ......
    viveremos os tempos em que os homens voltarão a ser os animais que sonham a quimera de apenas deixar-se ser, sendo a palavra: a guia da humanidade ou o calabouço dos aflitos que gritam no mundo dos surdos.
    ......
    Ah... se toda a insônia me aprouver de sentidos.... viverei melhor e em tempos melhores.


    Parabéns Jânia pelo inspirador e belo poema.

    Shannya Lacerda

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  2. Oi, moça,

    Qual vai ser a programação para o dia da poesia?

    Aguardo contato...

    Abraço do Pedra do Sertão.

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